Olá, é um prazer ter sua companhia !

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

( Carlos Drummond de Andrade )


quarta-feira, 24 de junho de 2009

O PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS.......

Ela fez da própria casa uma biblioteca

Com 22 mil livros, o espaço atende a uma favela inteira e ainda funciona como consultório

Foto: Redação Sou+eu
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Desde o humilde começo, o lugar fez sucesso entre a comunidade

O sonho da Vanilda era criar um espaço onde todas as pessoas interessadas pudessem ter acesso livre aos livros. Aos primeiros exemplares que ela comprou se somaram outros milhares de livros doados, formando uma grande biblioteca comunitária. O sonho dela se concretizou, cresceu e já se tornou muito maior do que era. Hoje, ela acolhe e ajuda moradores de rua, cozinha almoço todos os dias para a comunidade carente, prepara o lanche da tarde das crianças, recolhe e doa cestas básicas. Além disso, algumas salas da biblioteca são curingas: num dia servem de sala de leitura; no outro, viram consultórios médicos, nos quais voluntários atendem a população. As mesmas salas, no dia seguinte, viram palco para os professores darem aulas preparatórias para o vestibular. E mais: aos sábados, os adolescentes podem ter aulas de informática.

O galpão não fecha nunca! E tudo isso sem contar com nenhum tipo de ajuda do governo. O que mantém a Biblioteca Comunitária Graça Rios aberta é a eterna disposição e boa-vontade da Vanilda. Sem falar na força dos mais de 150 voluntários e mantenedores que a auxiliam nessa luta pela inclusão social de centenas de crianças. Veja a seguir o depoimento dessa verdadeira vencedora.

"'Eu não pago você pra ficar lendo os meus livros! Pago pra você trabalhar!' Com essas palavras, minha patroa me mandou embora da casa dela. Aos 14 anos, eu só queria estudar, ler, aprender. Mas, com pais analfabetos e sem dinheiro, larguei a escola sem terminar a 6ª série, fui ser babá de uma criança e parei no olho da rua só por causa de um livro!

Eu gostava de ler em voz alta para a menina que eu cuidava. Eram histórias que eu queria conhecer. Quando ela dormia, eu levava o livro ao quarto e continuava a ler. Um dia minha patroa me pegou com A Escrava Isaura e ficou muito brava! Fui pra rua, mas, antes, deixei um aviso:

- Um dia vou ter uma biblioteca muito grande dentro de casa. E quem quiser vai poder pegar os livros emprestados. Ninguém vai ser proibido de ler!

A cada novo salário, um livro novo
Saí daquela casa e, com o dinheiro do acerto, fui comprar um exemplar de A Escrava Isaura pra mim numa loja. Poxa, eu precisava saber como era o final daquela história!

Quando consegui outro emprego, a cada salário que eu recebia, ia até a livraria e comprava um livro novo. Quando eu terminava de ler, emprestava a quem quisesse!

O tempo passou, mas não a minha vontade de ler e de aprender. Eu gostava tanto de estudar que comecei a ajudar os meninos da favela onde morava com a lição de casa. Sempre que eu podia, explicava a eles o que não tinham aprendido na sala. Mas, como estudei pouco, não demorou muito para que os moleques chegassem à 7ª série, à 8ª, e quem foi ficando pra trás fui eu.

Foi então que tive a ideia de pedir ajuda a pessoas que tinham estudado. Elas começaram a doar livros usados, apostilas, cadernos. Eu aprendia e ensinava aos mais novos. Quem quisesse também levava os livros pra casa. Com o tempo, não dava mais pra guardar todos os livros embaixo da minha cama. Não tive dúvidas! Tirei o colchão e coloquei prateleiras no quarto todo. Eu posso dormir em qualquer lugar, mas os livros precisam de um cuidado especial.

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