Olá, é um prazer ter sua companhia !

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

( Carlos Drummond de Andrade )


sábado, 19 de setembro de 2009

A IMPORTÂNCIA DO HÁBITO DE LER

Adquirindo o hábito da leitura.

Através dos registros escritos descobrimos e aprendemos culturas, histórias e hábitos diferentes, compreendemos a realidade, o sentido real das idéias, vivências, sonhos, etc.
Diante do fato, pode-se considerar a leitura como uma das mais importantes tarefas que a escola tem que ensinar, mas é importante ressaltar que para isso o professor deve ter consciência da necessidade, além de praticar com eficiência o hábito da leitura.

Grande parte das escolas trabalha somente com textos literários e didáticos e muitas vezes selecionam esses materiais de forma burocrática, ou seja, uma relação de interesse entre editora, escola e, até mesmo, professor. Convém deixar claro que esse tipo de atitude não é de forma generalizada, pelo contrário, existem educadores que realmente desempenham seu papel de maneira responsável, desenvolvendo estratégias e diferentes formas de realizar uma leitura eficiente.

Segundo estudiosos, existem três objetivos distintos para compreender a importância do hábito de ler:
• Ler por prazer;
• Ler para estudar;
• Ler para se informar.

Através da leitura realizada com prazer, é possível desenvolver a imaginação, embrenhando no mundo da imaginação, desenvolvendo a escuta lenta, enriquecendo o vocabulário, envolvendo linguagens diferenciadas, etc.

A leitura voltada para o estudo é a mais cobrada pelos professores desde o início do ensino fundamental, apesar de muitos não estarem preparados para desenvolver em seus alunos tal hábito.

A leitura dinâmica e descontraída é uma das melhores formas de adquirir informações. O ideal é que se aprenda a ler textos informativos, artigos científicos, livros didáticos, paradidáticos, e etc.

Fonte: Mundo Educação*

FILOSOFIA

A Escultura “O pensador”, de Rodin, é um dos ícones da filosofia.

A filosofia tem uma história de mais de dois mil e quinhentos anos. Foi na Grécia Antiga que esta ciência surgiu e tomou as primeiras proporções. Embora vivessem em cidades-nações distintas e rivais entre si, os gregos conseguiram desenvolver uma comunidade única de língua, religião e cultura, que foi responsável pelo grande avanço da ciência na Idade Antiga. A genialidade grega foi responsável pelo avanço de diversas áreas do conhecimento, como artes, literatura, música e filosofia.

A filosofia grega pode ser dividida em três fases: período pré-socrático, socrático e helenístico. No período pré-socrático, a Filosofia foi utilizada para explicar a origem do mundo e das coisas ao redor. Os pré-socráticos buscavam um princípio que deveria ser presente em todos os momentos da existência de tudo. Os principais filósofos dessa fase foram: Tales de Mileto, Heráclito, Anaximandro, Xenófanes e Parmênides.

O período socrático foi caracterizado pela mudança em relação ao objeto de estudo da filosofia, passando da metafísica para o homem em si. Esse caráter antropológico se deu através dos três principais filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles.

O período helenístico compreende desde o final do Século III a.C até o Séc. II d.C. Essa fase foi marcada pela associação da visão cristã à filosofia, passando a crer mais em soluções individuais que coletivas. Entre os filósofos deste período, podemos citar: Marco Aurélio, Séneca, Epíteto, Lucano, Pirro de Elis, Antístenes, Diógenes de Sínope, etc.


Fonte: Mundo Educação*

ÉTICA

Comportamento anti-ético

A ética estuda as atitudes humanas relacionadas à sua natureza, objetivando a procura de respostas acerca de regras morais e de direito, identificação de comportamentos humanos corretos e incorretos bem como a diferenciação destes, a procura pela perfeição humana buscando a realização desta perante seus valores e suas crenças.

É utilizada no processo educativo na finalidade de conscientizar uma pessoa sobre seus direitos e deveres para com a sociedade, na economia para estabelecer valores relacionados a princípios morais e regras, na ciência como forma de lidar com a vida com respeito e de maneira responsável e em outras áreas desempenhando papéis de suma importância.

A ética estabelece um compromisso entre seres humanos, pois utiliza a essência interior, ou seja, utiliza sua formação de caráter para determinar suas características. Desta forma, a ética é construída com base naquilo que é necessário e/ou exigido pelo homem colocando-o a frente de seus próprios limites morais.

Sua importância na sociedade é reconhecida, porém questionada às vezes por conflitos gerados entre a valorização da vida ou da propriedade privada. Apesar de alguns conflitos, a ética auxilia a boa vivência do homem perante a sociedade ajudando este a se comportar de forma correta em face de outras pessoas e ainda a formular suas próprias idéias fundamentais sem que se corrompa posteriormente, tornando-se assim um cidadão de idéias firmadas na moral, nos bons costumes e na dignidade.


Fonte: Mundo Educação*

A importância dos brinquedos no desenvolvimento da criança

A seleção adequada do brinquedo

Os brinquedos são considerados importantes aliados no processo de aprendizagem das crianças, em especial as que apresentam certa deficiência.
Através do brincar, a criança desenvolve elementos fundamentais na formação da personalidade, visto que aprende, experimenta situações, organiza suas emoções, processa informações, constrói autonomia de ação, entre outros.

Ressalta-se que o brinquedo a ser utilizado pela criança deficiente, não é diferente de um brinquedo utilizado por qualquer outra criança. Os brinquedos não são especiais, mas o momento de seleção deles é de extrema importância.
O ideal é que a seleção seja realizada de acordo com o nível de desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Segundo pesquisadores, nem sempre a idade sugerida na embalagem do brinquedo condiz com a capacidade motora e cognitiva da criança.
Tudo tem que ser muito bem avaliado e planejado de forma bem coerente, atingindo o objetivo que um determinado brinquedo propõe bem como desenvolver a capacidade motora.

Baseado na maturidade cerebral, a criança apresenta habilidades motoras íntegras e com isso tem iniciativa de ir até o brinquedo e explorá-lo de diversas maneiras. Crianças que apresentam deficiência geralmente não apresentam essa capacidade. A participação dos pais e professores é fundamental, visto que eles apresentam a elas o complexo mundo das brincadeiras, auxiliando-as a explorar o brinquedo da melhor forma possível.

A questão do brincar é tão séria, que um dos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança diz que: “Toda criança têm direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica! Sugere-se que toda pessoa em especial, pais e profissionais que fazem parte da formação de uma criança, tenham em mente o quanto é importante repensar na forma de apresentar, oferecer, ou proporcionar certo brinquedo ou uma brincadeira à criança, avaliando o que poderá lhe proporcionar.


Fonte Mundo Educação*

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

O encantamento dos contos de fada.

As histórias infantis têm papel fundamental na formação do indivíduo, tornando-o criativo, crítico e capaz de tomar decisões.
Quando se conta uma história, deve-se ter em mente que aquele momento será de grande valia para a criança, pois através desses contos será formado um banco de dados de imagens que será utilizado nas situações interativas vividas por ela.

Recomenda-se que o educador faça todo um ritual antes do momento de contar histórias.
O ideal é que o professor, ao contar uma história, tenha uma diversidade de estratégias sendo consideradas como principais: tocar a imaginação dos alunos, saber como utilizar a expressão corporal, o ritmo, o gesto, e principalmente a entonação da voz, fazendo com que nesse momento a criança fique envolvida pelo encantamento e pela fantasia.

Sugere-se ao professor que crie em sua sala de aula o livre acesso aos livros através de um cantinho de leitura no qual fiquem disponíveis aos alunos livros, revistas, jornais etc., facilitando o manuseio.
Orienta-se que o professor se informe mais sobre os aspectos que estão envolvidos na apropriação no processo da leitura e seus aspectos fundamentais na visão linguística, psicológica, social e fisiológica. Ressalta-se que quando se tem domínio de certo papel a desempenhar o resultado é totalmente diferenciado e qualificado.

Fonte: Mundo Escola*

TEXTO: A ALMA DA ESCOLA

A Alma da Escola
Berenice Gehlen Adams

Era uma vez uma Escola. Uma Escola que nasceu de um sonho: o sonho de tornar as pessoas capazes de viver em sociedade com amor, respeito, alegria, de forma organizada, onde cada um aprenderia a desenvolver seu potencial criativo para bem viver com todos os seres, em um ambiente saudável e feliz. Era uma Escola que educava para a vida. Nesta Escola havia muitos professores e alunos que viviam alegres e em harmonia. Uns aprendiam com os outros; todos ensinavam a todos. Aprendiam que tudo na Terra tem valor. Sempre respeitavam a todos, principalmente os mais velhos. Eram solidários, amigos e demonstravam uma grande integração e respeito ao ambiente.
Com o passar dos anos, a Escola foi crescendo e aos poucos foi mudando. Só que esta mudança não foi uma boa mudança porque os professores começaram a ficar severos, punitivos, exigentes, e tudo o que tinha valor eram notas altas, letra bonita, bom comportamento, conhecimento - quanto mais, melhor. Com isto as crianças deixaram de ser alegres e curiosas. Estudavam para tirar boas notas, escreviam bonito para agradar o professor, decoravam a matéria para provas e comportavam-se bem para evitar que chamassem os pais, para reclamações. Aqueles que não se enquadravam, passaram a ser considerados incapazes e improdutivos.
Pouco a pouco, a Escola foi ficando cada vez mais triste. Até que um dia a alma da Escola começou a chorar muito. Pois é, Escola tem alma, vocês sabem... Vendo aquela triste mudança a Escola pensou: “Tenho que fazer alguma coisa! Isto não pode continuar assim!”. Foi então que ela se lembrou do velho Sábio que morava numa montanha próxima. O Sábio conhecia a Escola desde pequenina. A Escola chamou o passarinho bem-te-vi, que voava por ali, e pediu que mandasse um recado ao Sábio. O pássaro, sem demora, voou até o alto da montanha, e com um belo, mas triste, trinado, passou ao sábio o recado.
Antes de descer a montanha, o Sábio entrou na caverna, pegou algumas sementes, enrolou-as numa folha de bananeira e seguiu em direção da Escola.
Chegando lá, o Sábio logo viu que as coisas não andavam bem. Percebeu que estava faltando, naquela Escola, o principal: o amor pela vida. Ficou observando como as crianças brincavam/brigavam e como os professores davam suas aulas. Como era um sábio, logo entendeu o por quê da Escola estar pedindo socorro. Esperou o sinal do final da aula e depois que todos haviam partido para suas casas, sentou-se no pátio e, de olhos fechados, pôs-se a conversar com a Escola.
- Querida Escola, vejo que as coisas não vão bem, mas não fique triste. Estou aqui para ajudá-la!
A Escola, então, falou:
- Sabe o que é, Sábio, não estou me sentindo muito bem. Sinto muito frio e muita tristeza, pois ninguém mais sorri como outrora. As crianças estão ficando adultas cedo demais. Brigam, competem, não lêem mais histórias e falam como se fossem “gente grande”, e o que é pior, os professores valorizam mais as crianças que se portam assim. Não estão mais preocupados em educar para a vida e sim educar para o trabalho, para o vestibular, e para melhor competir com o seu semelhante. Isto está gerando muita discórdia e ressentimento. Eles estão, professores e alunos, distanciando-se cada vez mais do ambiente e dos seres que também têm direito a vida. O que devo fazer, Sábio? Estou muito fraca e acabarei morrendo. O que restará será simplesmente um prédio frio, sem vida, sem alma, apenas um depósito de pessoas grandes e pequenas...
O Sábio, após pensar um pouco, falou:
- Este é um sério problema, Escola, mas todo problema tem solução. Trouxe comigo algumas sementes de conscientização que colhi de uma linda árvore. Elas serão espalhadas antes do início das aulas. Logo, começarás a sentir alguns efeitos. Quando as sementes começarem a brotar, professores e crianças ficarão mais sensíveis e começarão a sentir falta do contato com a natureza, do respeito, da amizade, do amor. Aos poucos passarão a perceber o que é realmente importante para a vida e tudo começará a modificar.
- Mas, Sábio, como farei isto? Como poderei espalhar as sementes?
O Sábio riu e disse:
- Não te preocupes! Deixarei as sementes no canto do telhado e pedirei ao amigo Vento para fazer isto. Durante sete dias ele soprará estas minúsculas sementes que se espalharão pelo ar e entrarão no coração de cada um. Aos poucos as sementes germinarão e frutificarão. Porém, é preciso ter paciência.
A Escola respondeu que era difícil ter paciência, mas que iria fazer um esforço, pois sabia que valeria a pena. Falou, então, ao Sábio:
- Sábio, sei que não deveria ter deixado chegar a este ponto tão crítico. Mantive meus olhos fechados por muito tempo e não estava conseguindo ver esta realidade, até que a tristeza passou a ser insuportável. Acredito que vamos conseguir, com estas sementes, trazer de volta a VIDA e o AMOR que está faltando.
E o Sábio diz:
- Escola, tenha fé e confiança. Logo, logo perceberás as mudanças. Na medida em que conhecerem melhor a si próprios, tanto professores como alunos, passarão a ver e viver com respeito por tudo e por todos. E isto sairá pelos portões afora, chegará aos lares e por fim estará em todos os lugares: fábricas, indústrias, igrejas, hospitais, parques, florestas... Agora, tenho que ir!
A Escola despede-se do Sábio com palavras de agradecimento, e de repente, chama-o de volta:
- Senhor Sábio, tenho uma pergunta! Onde conseguiste tais sementes? Que árvore tão maravilhosa é esta?
O Sábio retorna alguns passos e responde serenamente:
- Foi numa árvore especial, muito grande, muito linda, mas pouco conhecida e compreendida. É chamada Árvore da Educação Ambiental.
Daquele dia em diante, a alma da Escola voltou a sorrir...

É autorizada a reprodução dos trabalhos de autoria de Berenice Gehlen Adams - desde que citada a autoria e a fonte.


Projeto Apoema - Educação Ambiental

www.apoema.com.br

Palestra - A “assumissão” de Madalena Freire


Leonor Macedo

- É aqui a palestra do Arnaldo Jabor?
A enorme fila na porta do auditório seis confundiu alguns participantes do Congresso Educador que estavam ali para ouvir o cronista e cineasta debater a educação no contexto político e histórico brasileiro. O fato é que a fila era realmente digna do global, autor de um dos livros mais vendidos na atualidade (Amor é prosa, sexo é poesia) e polêmico por abordar, de forma contundente, assuntos delicados da realidade de nosso País e do mundo. Mas não era para o Jabor. A fila também era digna de um sobrenome de peso quando o tema é educação: Freire. Madalena Freire.
No auditório lotado, o público, formado em sua maioria por professoras, viu entrar a pedagoga pernambucana que, à primeira vista, parece uma mãe nervosa com seu filho. "Já chegou todo mundo na sala? Feche a porta, então! Feche a porta! Quem entrou, entrou e quem não entrou, não entra mais". Depois, os que estavam ali puderam entender que a Madalena Freire chama a atenção para a missão de cada um com a educação. Foto: Leonor Macedorelação de Madalena com a educação é mesmo semelhante à de mãe e filho: feita de amor e rigor. "Não se constrói sem disciplina, sem rigor e sem comprometimento. E é um erro tremendo confundir autoridade e autoritarismo", explicou.
Foi assim que Madalena começou sua palestra, com o tema "Aprender é aqui, aprender é agora". Palestra que ela batizou de "aula" e assim a chamou o tempo todo. "Nós costumamos dizer que 'damos aula' e as palavras não são à toa. O professor não dá aula. Ele reproduz conhecimento". Conhecimento que, segundo Madalena, não se aprende só no conteúdo das matérias: "A matéria-prima do educador não é o conhecimento, mas a pessoa humana que conhece."
Não deve ser muito fácil ser filha de Paulo Freire e continuar na profissão de quem foi um dos educadores mais importantes do Brasil. Mas ela mostrou que, além de pai, o pedagogo foi um grande mestre: "só se aprende em comunhão com o outro. O educador é aquele que sabe mais porque é o que tem mais experiência. Mas saber mais não é saber tudo", explica.
Difícil é não se emocionar com as palavras de Madalena. Mais ainda, com seu jeito de falar: gritado, grosso, forte. Em seguida, calmo, baixinho, como se desse um tempo para digerirmos o que era dito. E algumas coisas não são tão simples de digerir: "às vezes, o professor não concorda com medidas adotadas pela escola, mas fica quieto. Escuta tudo o que é dito na reunião e quando sai de lá futrica, fofoca, xinga, fala mal, mas não se assume. É preciso assumir-se. Só ele pode fazer a sua diferença."
Para ela, no sistema educacional brasileiro não existe nenhuma vítima. Nem professor, nem coordenador, nem diretor de ensino. "Tudo é escolha, opção", explica. "Cada um deve perguntar o que quer da vida profissional e no que realmente acredita". E, a partir da resposta, trabalhar por isso.
"Assumir-se, então, significa estar comprometido com sua causa, com o que acredita", conta Madalena. Ao levantar seu dedo indicador, ela começou um jogo de palavras: "nossa impressão digital mostra que somos pessoa única, portanto, fadados à inclusão dos diferentes. Só somos nós mesmos porque nos diferenciamos dos outros. Cada um tem que assumir a sua marca e acredito que as impressões digitais significam que cada um de nós também temos nossas missões, não no sentido religioso da palavra. Missão. A sua missão. Assumissão. Assuma-se". Isso, dito aos berros, pareceu ecoar na razão e na alma dos que estavam presentes.
Duas ou três vezes, Madalena perguntou para a platéia se podia continuar com o tema da aula. Ninguém ousou discordar, mas ela se explicou: "Para cada momento, é preciso fazer mais de um planejamento. Um é pouco, dois é bom, mas três é melhor ainda. É quem escuta que deve dar a direção de cada aula, porque é para ele que a aula deve fazer sentido". E, como fazia muito sentido tudo o que dizia, o público pediu para ela seguir pelo caminho que tinha tomado e ela continuou.
"Nascemos de duas pessoas e por isso já somos geneticamente sociáveis. Dois já é grupo e nunca vamos existir fora de um. E nascemos de dois que se amaram". Mas a criança não pode ter nascido em um descuido? "Ama-se como pode e como se sabe", responde Madalena. O exemplo que a pedagoga dá tem a ver com o processo de aprendizagem. "A mola desse processo é a afetividade. Só se ensina pelo amor ou pelo ódio, nunca pela indiferença."
Para ela, portanto, um professor nunca pode ser indiferente a seu aluno. É preciso, no mínimo, chamá-lo pelo nome e mostrar que ele existe. Olhar para ele. Prestar atenção nele. "O professor deve reparar no seu aluno. Em seu corpo. Se não tivéssemos um corpo, não haveria a visibilidade da existência. O corpo mostra, retrata a aprendizagem. O corpo é a geografia de nossa história. Olhe o corpo de nossos alunos. Muitos deles corcundas, mal tratados, mal educados. O corpo não mente, minha gente. Temos de observar nossos alunos interpretando, lendo, dando sentido a seus corpos que mostram os conflitos da aprendizagem."
A pedagoga defendeu duas questões no ensinar em sala de aula: a rotina e a tarefa. Segundo Madalena, a rotina é a construção do tempo da aula e "o tempo não caiu do céu. Não é uma dádiva. Ele é construído. É assumido". E a tarefa é fundamental porque "o professor só pode ensinar mediado pela tarefa".
Mas, além do espaço físico da sala, é necessário ter mais duas vontades dentro de si: a resistência e a agressividade. "Quando não aceitamos algo, devemos resistir e não falo de uma resistência omissa. Não se decreta o novo. Se opta pelo novo, quando o velho já não serve mais. Aprender é mudar. Se os alunos estão mudando é porque estão aprendendo", comenta Madalena.
Nesse sentido, a agressividade é importante porque, segundo a pedagoga, "é preciso ter raiva para mudar. É essa raiva saudável que nos empurra para frente. Raiva de mim. Raiva da mesmice que estou. Preciso de agressividade para construir uma rebeldia que calça a autonomia. Ninguém opta de graça. Tem preço. Agressividade não assumida transforma-se em ódio ou em revolta, que não é igual à rebeldia."
Denunciar o indigno. Comprometer-se. Assumir-se. Rebelar-se. Mudar. Aprender com o outro. Palavras e lições de uma aula de Madalena Freire.

LITERATURA

Para a escritora infantil Tatiana Belinky, cabe tudo nas histórias para crianças pequenas: castelos, florestas, cidades inteiras


Foto: Levi Mendes Jr.
Foto: 'Sempre digo aos pequenos que o livro é um objeto mágico'

'Sempre digo aos pequenos que o livro é um objeto mágico'

A história de vida de Tatiana Belinky é tão emocionante quanto os livros que ela escreve para as crianças. Nascida na Rússia, poliglota e escritora desde sempre, chegou ao Brasil aos 10 anos, fugindo com a família das mazelas da guerra civil provocada pela revolução comunista que, em 1917, fez nascer a antiga União Soviética. Seu primeiro livro infantil, Limeriques (Ed. FTD), foi publicado em 1987. Hoje, aos 89 anos, ela continua escrevendo – à mão, com uma caligrafia que não envelhece com o passar do tempo.

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A bruxa boa dos livros infantis
eu sonho era usar chapéu pontudo para fazer arte à vontade. Hoje, 100 livros e muitas travessuras depois, Tatiana Belinky é uma das principais escritoras infantis do país


Por Julia Priolli*

Fonte: Revista Crescer

DICA DE LEITURA

O livro A História do Gato, que pertence à série "Lelé da Cuca", da Ática, bem que poderia se chamar "As aparências enganam". No enredo do livrinho, um bichano é muito querido pelos seus iguais, mas é desprezado pelas madames, donas de seus amigos. O gatinho, muito chateado, procura a ajuda de outros animais e se revela um bichinho muito mais lindo que os gatos riquinhos.

A série Lelé da Cuca foi originalmente criada em língua inglesa. Os autores de A História do Gato são Jackie Robb e Berny Stringle e seus ilustradores Karen Duncan e Samantha Stringle. Na edição da Ática, a tradução é de Luciano Vieira Machado e, a supervisão pedagógica, da professora Madalena Freire.

Humor, leveza e poesia do texto são marcas da séria, na avaliação de Claudia Morales, editora-adjunta da Ática. "É importante ressaltar também a alta qualidade do trabalho gráfico e das ilustrações, muito atrativo, inusitado e de fácil empatia e assimilação", explica.

A série "Lelé da Cuca" é destinada a crianças não-alfabetizadas ou em fase de alfabetização e apresenta os seus textos em versos, além de utilizar um recurso pedagógico muito importante, que é a escrita em letras maiúsculas ou letra de fôrma. "Primeiro, a criança aprende a ler e, logo depois, a escrever", lembra a professora Madalena Freire. "As letras dispostas como estão na série facilitam demais o aprendizado."

Além de A História do Gato, a série tem publicados outros livros, como A História da Lesma, A História do Tatu e A História do Cão.


A História do Gato

Jackie Robb e Berny Stringle
30 páginas

Ensinar e Aprender…

Madalena Freire em "O sentido dramático da aprendizagem", capítulo do livro A paixão de Aprender, escreve:

"O educador educa a dor da falta, cognitiva e afetiva, para a construção do prazer. É da falta que nasce o desejo. Educa a aflição da tensão da angústia de desejar. Educa a fome de desejo. Um dos sintomas de estar vivo é a nossa capacidade de desejar e de nos apaixonar, amar e odiar, destruir e constuir. Somos movidos pelo desejo de crescer, de aprender, e nós, educadores, também de ensinar. Instrumental importante na vida do ensinar do educador é o ver (observação), o escutar e o falar. Assim como, para estar vivo, não basta o coração batendo, para ver não basta estar de olhos abertos. Observar, olhar o outro e a si próprio, significa estar atento, buscando o significado do desejo, acompanhar o ritmo do outro buscando sintonia com este. A observação faz parte da aprendizagem do olhar, que é uma ação altamente movimentada e reflexiva. Ver é buscar, tentar compreender, ler desejos. Através do seu olhar, o educador também lança seus desejos para o outro. Para escutar, não basta, também, só ter ouvidos. Escutar envolve receber o ponto de vista do outro (diferente ou similar ao nosso), abrir-se para o entendimento de sua hipótese, identificar-se com sua hipótese, para a compreensão de seu desejo. Para falar, não basta ter boca, é necessário ter um desejo para comunicar, pois todo desejo pede, busca comunicação com o outro. Também, "todo o desejo é o desejo do outro". É o outro que me impele a desejar… É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece o seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão."

Veja aqui os detalhes sobre a animação feita por Josh Burton.


Fonte: Miriam Salles*

Poesia - Madalena Freire



Vida de Educador

Educador
Educa a dor da falta
a dor cognitiva
Educando a busca de conhecimento.

Educador
Educa a dor do limite
a dor afetiva
Educando o desejo.

Educador
Educa a dor da frusração
a dor da perda
Educando o humano, na sua capacidade de amar.

Educador
Educa a dor do diferenciar-se
a dor da individuação
Educando a autonomia.

Educador
Educa a dor da imprevisão
a dor do incontrolável
Educando o entusiasmo da criação.

FREIRE, Madalena. Educador, educa a dor. São Paulo: Paz e Terra, 2008.