Olá, é um prazer ter sua companhia !

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

( Carlos Drummond de Andrade )


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CRÔNICA - "QUEM LÊ FAZ" POR MAURÍCIO DE SOUSA

Olá Pessoal!

Resolvi fazer um post das crônicas escritas por Maurício de Sousa. Eh....... aquele que criou a Turminha da Mônica! Minha filha adora.....
Para quem gosta de uma leitura prazeirosa, vale a pena. Podem aproveitar!

Beijoooooosssss!


Solange Branco




Oi, Mauricio!

Gostaria de saber se você lia algum livro quando era criança, quais são os livros que você lê hoje e se algum livro influenciou na sua vida, pois faremos uma feira cultural no colégio e o tema do projeto de Português é "Quem lê faz". Obrigado pela atenção. Gustavo.

Oi, Gustavo!

Eu lia muito, sim. Primeiro gibis e depois livros.
Mas lia muito mesmo.
Era o tipo de leitor que as pessoas chamam de compulsivo. Queria ler sempre. Se pegava um livro interessante, não parava de ler até chegar à última página.
Como disse, comecei pelos gibis, que li, antes mesmo de entrar na escola.
Primeiro minha mãe lia pra mim. Depois, por falta de tempo, preferiu me ensinar a ler, aos pouquinhos, letra por letra, sílaba por sílaba, palavra por palavra. Assim, em pouco mais de três meses, já podia soletrar as palavras escritas nos balões das histórias em quadrinhos.
E assim fui "devorando" história após história, conhecendo os mais variados personagens e me deliciando com as descobertas que fazia naquela janela aberta para o mundo. Afinal, não havia televisão, o cinema não era pra toda hora (na minha idade, quase 6 anos) e eu morava no interior, Mogi das Cruzes. Mas a curiosidade era maior do que a minha cidade, do que o meu país, do que o meu mundo. Queria mais e mais, varando as páginas dos gibis.
Depois de alguns poucos anos, as histórias em quadrinhos já não me bastavam. Acabavam logo. Eu lia rápido demais. E não era toda hora que havia gibis novos. Então, me caiu nas mãos um primeiro livrinho de história, bem infantil. Era a história de uma fadinha, com poucas cores, mal impresso, texto simples, livro curto. Li num pulo. Mas foi insuficiente. Queria mais.
Foi quando meu pai comprou uma edição colorida (papel encorpado, textos curtos e grandes ilustrações) de uma história do Mickey, “O matador de gigantes”, baseado num desenho animado do Disney. Muito bem impresso. Adorei!
Lia e relia. Via e revia as lindas ilustrações. E queria mais.
Até que fui "atropelado" pela obra de Monteiro Lobato e entrei no Paraíso.
Era outro mundo, outro universo, outro estilo, outra coisa.
Li TUDO da turma do Sítio do Pica-pau Amarelo e depois passei para os livros que ensinavam matemática, gramática, falavam de petróleo, tudo do Lobato... Até chegar à portentosa série dos trabalhos de Hércules.
Ufa!
Já sabia Lobato de cor e estava na hora de passar para outros autores. A curiosidade me impelia. A compulsão me empurrava. Comecei a devorar os livros de aventuras, tipo Jack London, com quem fiz belas e inesquecíveis viagens. Igualmente com Julio Verne. Seguindo depois para romances históricos, biografias, ficção científica, policiais, “Machados de Assis”, “Eças de Queiróz” e o que viesse mais.
Houve tempo (nos meus 13, 14 anos) em que eu lia um livro por dia. Era o melhor "cliente" da biblioteca da escola, do ginásio, do município. Agradeço aos céus por isso, pois as leituras e tudo o que aprendi lendo - informações, estilos - me ajudaram em todos os momentos futuros da minha vida. Primeiro quando eu buscava os primeiros empregos e preenchia as primeiras fichas, o meu português me punha nos primeiros lugares das filas de pretendentes a uma colocação.
Foi assim nos primeiros escritórios, depois no jornal, depois quando comecei a escrever quadrinhos e, logicamente, quando precisei me comunicar oralmente. Ler e falar se completam.
Assim, acho que posso afirmar que, entre outros fatores, a leitura foi o fator mágico que me permitiu a comunicação fácil em qualquer circunstância.
A chave, a porta e a entrada estão nos livros.
Hoje procuro lançamentos nas livrarias por impulso ou por indicação, mais as revistas semanais, os principais jornais e as revistas de quadrinhos que me tragam novidades. É uma pena que não tenha todo o tempo do mundo para ler mais... As minhas outras atividades também merecem atenção.

Ah! Sim, também tenho outra compulsão: guardar tudo o que leio para, se for o caso e der tempo, ler de novo.
Então vocês podem imaginar o tanto de livros e gibis que juntei nestes anos todos. E gosto tanto desses livros, desses gibis, que tenho guardados até hoje os exemplares com as primeiras histórias que li.

Agora essas publicações serão preparadas para enriquecer a biblioteca do nosso estúdio. Naturalmente servirão de chamarizes para que outros compulsivos como eu cresçam e apareçam. Ou melhor, apareçam e cresçam.


26 de agosto de 2008

Fonte: Site do Maurício de Sousa

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