O Colégio Objetivo está publicando anúncios em páginas inteiras da imprensa para afirmar que criou, em pouco tempo, uma das escolas campeãs no ranking do Enem, destinado a alunos do ensino médio --o que, para muita gente (erradamente, diga-se), se traduz na lista das melhores escolas do Brasil. O debate é muito interessante sobre os caminhos da educação.
O Objetivo criou uma escola separada, com alunos com notas mais altas, professores diferenciados, reforço na parte da tarde, além de estímulos nos simulados que ajudam na realização do Enem.
Acusam o grupo de fazer um truque, ao selecionar seus melhores alunos para fazer a prova. Na verdade, eles apenas seguiram a regra do jogo.
Daí se vê como o debate sobre avaliação de escolas é muito mais complexo do que imagina. A nota de um aluno reflete uma série de indicadores. Além da qualidade dos professores e do material didático, pesam (e muito) as habilidades naturais dos alunos (inteligência, disciplina, força de vontade) e o nível socioeconômico da família (detalho mais esses critérios no www.catracalivre.com.br). Todas as melhores escolas se beneficiam em algum nível dessa composição, já que atraem os melhores alunos e as famílias mais ricas e engajadas.
Daí ser inapropriado comparar as redes públicas com a particular. A imensa maioria das públicas que vão muito bem no ranking também seguem a mesma regra da qual se beneficiou o Objetivo: são alunos que passaram pelos chamados vestibulinhos e são, em geral, de classe média ou até alta.
O ótimo disso tudo é que qualidade de ensino está começando a virar conversa de botequim.
Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras
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