Segundo o Estadão de hoje “o capoeirista e segurança Felipe Pradella, suposto mentor da fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), atribuiu o vazamento das provas a “alguém humilde e sem influência na empresa” – referia-se à gráfica onde estavam armazenados os documentos. A informação consta do depoimento à Polícia Federal do empresário Luciano Rodrigues, dono de uma pizzaria nos Jardins, em São Paulo, que admitiu ter procurado jornalistas para comunicar sobre a violação do sigilo.
A PF suspeita que a citação a “alguém humilde” pode ser apenas um blefe do segurança, que se identifica como “Fábio”. Para a PF, o valor do prejuízo que o escândalo trouxe ao Tesouro – estimado em R$ 33 milhões por causa do cancelamento das provas do Enem – não tem reflexo no enquadramento criminal dos investigados. Na esfera penal o indiciamento independe do montante do prejuízo.”
A comentar o episódio do Enem com alguns educadores, um deles, o mais cínico com certeza e também o mais ponderado, joga essa reflexão: – Maria Odete, vc está acreditando que um zé ninguém faz uma jogada dessas prá levar uns trocos e ficar famoso? Isso é coisa de espionagem e espionagem cabeluda, da grande. E continuou: – A quem interessa o descrédito do Enem? Qual é a indústria montada e organizada por tras do vestibular? Não é a tal “indústria dos cursinhos”, não é ela que entraria em colapso se o Enem der certo ampliando o acesso a universidade sem essa intermediação de anos…etc.etc.etc. ?
Ao ver no Bom Dia Brasil de hoje o esquema de segurança no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), coisa de filme americano e ver a fragilidade do sistema na ponta, quando as provas são levadas aos colégios por “seguranças”, coisa de chanchada brasileira, é que me pergunto quantas “indústrias” são beneficiadas com os milhões que o MEC investe no Enem (foram para o ralo apenas 35 milhões de reais nessa bobeada)…um dinheiro que restauraria uma imensidão de escolas brasileiras do Iapoque ao Chuí e que nos leva a refletir sobre o poder da “indústria pública” …sobre “todos os Enens” paralelos que ainda não descobrimos e que ainda serão descobertos.
Sabem aquele discurso da inclusão, da acessibilidade … tem hora que sinto raiva e nojo, me perdoem os termos chulos e reais, uma vez que no papel de mídia também acabo estimulando esse palavratório e na verdade a pergunta que me ocorre nessa manhã nublada de segunda seria: inclusão de quem cara pálida?
Postado por Maria Odete Olsen às 10:04h, 05/10/2009
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