Que ninguém seja contra
A que vou dizer,
Mesmo eu sendo um cabeça-de-bagre.
Que ninguém seja contra
A que vou falar,
Mas santo de casa nno faz milagre.
O robusto marido esportista,
Triatleta e fisiculturista,
Campeão de judô e maratona,
A esposa decepciona
Quando tenta e não consegue
Abrir um vidro de azeitona.
A irmã do dentista é banguela,
O filho do churrasqueiro nunca comeu vitela.
Aquela "top model" famosa
Sempre tem dor de cabeça
Quando o marido a procura.
O exército brasileiro,
No lugar de defender,
Instaurou no país
A tão dita ditadura.
A luz do quarto do eletricista não acende,
A respeitada psicóloga tem um filho que é demente.
Eu mesmo, escritor
Que sou, ou que tento ser,
Nno consigo escrever
Nem, ao menos, tão somente,
Uma frase pra vocL.
O TEMPO
Não há tempo,
Tenho pressa.
Bateu vento,
Vamos nessa.
Deu a hora,
Vamos indo,
A aurora
Já vem vindo.
É o mundo,
Minha gente,
Lá no fundo,
Que é corrente.
Correnteza
Sem igual
Da destreza
Temporal.
Só lamento,
Ao correr,
O momento
Não viver.
E o palhaço
Não chegou.
Já o maço,
Se acabou.
A avenida
Está parada.
Minha vida,
Acelerada.
Vida é longa
Quando surta,
Mas termina,
Por ser curta.
A NOZ
Ilusão atroz
De quem traz a noz
Fechada de dor
Deste meu amor.
Trata-se de noz
Cuja casca dura,
De larga espessura,
Está entre nós.
Precisa de amor
De forte cutelo,
Que desmanche a casca
Sem deixar farelo.
E, deste recheio,
Deleitar-se-á
No bolo, no meio
Da torta, no chá,
No manjar mais fino,
Com um belo vinho,
Com uma cervejinha,
Sem sair da linha.
Amor bom é este
De apreciar,
Não importa como,
Quando e o lugar.
Amor bom é este
De saborear,
Mas, ai!, não tem jeito,
Tem que descascar.
Leandro Leite Leocadio. Poeta, contista, ilustrador e cartunista. Teve uma infãncia multirregional, tendo vivido no Rio de Janeiro, em São Paulo e Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Nunca freqüentou qualquer escola de arte, tendo começado a desenhar e escrever por iniciativa própria desde tenra idade. Em 1993, no Centro Cultural São Paulo, realizou sua primeira exposição de cartuns a nanquim, aquarela e guache na H.Q. Brasil da ABRA, Academia Brasileira de Artes, tendo exposto, também, em 1995, na II H.Q. Brasil, promovida pela mesma instituição.
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